quinta-feira, 16 de julho de 2009

Memorial de um Leitor


A escola ainda é o mundo mágico para praticamente todas as crianças que nela chegam. O contato com a leitura é algo no mínimo fascinante, tocar os livros, conhecer as primeiras letras, palavras e frases, é encantador, é uma conquista, uma independência para qualquer criança quando se apossa deste conhecimento tão valioso para sua vida.

Ao chegar à escola, para mim foi maravilhoso, encantador, havia uma expectativa enorme, pois há dias que meu pai prometera levar-nos ao colégio que estudaríamos.

Era uma manhã de Março de 1985 e lá estava eu, ansioso para assistir à primeira aula, ler, escrever, contar histórias, desenhar, pintar. Bem no primeiro momento a professora se apresentou D. Joana. Exatamente, D.Joana foi a primeira professora daquele que tempos depois seria também um professor. Naquele dia não houve todas as atividades às quais eu gostaria que tivesse, mas algo muito especial aconteceu, pude brincar de forma espontânea e livre, isto porque na minha casa havia pouco tempo para brincadeiras.

O tempo foi passando e como eu já conhecia bem as letras não tive dificuldades para aprender a ler. A primeira palavra que li foi SALADA. Passada a fase da alfabetização, começou-se o momento de ler com mais ênfase e dedicação, mas não gostava muito de ler, escrever era mais atraente. Nunca fui reprovado na escola, por dois motivos, primeiro porque tinha medo de meu pai me castigar, caso isso acontecesse, segundo porque como cheguei muito tarde à escola, não podia perder mais tempo, sempre passava com boas notas. Já no ensino fundamenta maior, antigo ginásio, a leitura do Livro OS MISERÁVEIS de Vitor Hugo despertou-me a atenção e gosto pela leitura, Como era emocionante o amor da mãe de cassete por sua filha, aquela menininha sofreu tanto nas mãos daquele casal, foi um momento de grade satisfação e prazer. Daí em diante, foram vários, Vidas Secas de Graciliano Ramos, Triste Fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto. Em vidas Secas constatou-se a perversidade não da seca contra o sertanejo, mas a maldade do homem contra o próprio homem. Como era triste ver o sofrimento de Fabiano e sua família andando de um lugar para outro em busca de um lugar mais tranqüilo onde pudessem viver com um mínimo de dignidade.

Muitas coisas me atraiam à escola, os amigos, o carinho que tinha pelos professores. A aula que mais lhe marcou naquela fase de estudo foi um seminário sobre o Sitio do Pica-pau Amarelo, onde aquele que já não era mais tão criança assim, fez o papel de narizinho, foi uma gozação só vestido de saia de jornal. Há fotos que confirmam a façanha.

Meus pais me colocaram na escola para que eu aprendesse a ler, escrever, resolver cálculos matemáticos, talvez nunca, passasse pela cabeça deles que chegasse tão longe. A mãe era mais otimista, sempre dizia: Se quiser chegar a algum lugar, conseguir algo na vida, estude.

O tempo avançou de pressa e veio o ensino médio, tempos deferíeis deixar a casa dos pais e estuda em outra cidade distante foi uma decisão para lá de traumática, mas necessária. Passado os primeiros meses longe de casa e conseguido novos colegas, as coisas foram tomando novo rumo. Era o ensino médio, antigo pedagógico, meu sonho era terminar logo aqueles estudos, trabalhar, ter minha independência pessoal e financeira.

Nessa nova etapa de ensino, o professor que mais se destacou sem dúvida foi o Francisco Freitas, formado em Pedagogia por uma universidade de Santa André São Paulo, não era apenas um professor era exemplo vivo para aqueles que tinham pretensões de conquistar algo. Além do ensino médio esteve em minha companhia na universidade.

Houve ótimas aulas no decorrer do ensino médio, mas o professor Freitas já mencionada neste texto sempre se destacava o motivo era simples, o aluno tinha oportunidade de participar ativamente, deve-se lembrar de um dia em que houve um seminário onde a turma foi dividida em grupos e cada grupo trabalhou um tema, meu grupo se responsabilizou de trabalhar sobre a importância dos grupos sociais.

A universidade era um sonho, mas distante que se tornou realidade com a expansão da Universidade Estadual do Piauí – UESPI, estudar naquela instituição era se tornar parte da elite letrada da cidade e em pouco tempo aquele jovem ousado foi aprovado para o curso de Letras Português. Lá foi possível vivenciar novos desafios conhecer um mundo ainda desconhecido, principalmente no campo da leitura, pois foi lá que houve a real necessidade de torna-se um leitor e crítico, pois até fazia somente a primeira parte, ou seja ler.

Muitas leituras marcaram no decorrer dos estudos universitários, mas Memórias Póstumas de Brás Cubas foi demais e surpreendente, pois só ouvi falar, Brás Cubas é um desses personagens que marcam em todos os aspectos, na ironia, na capacidade de prender o leitor, é cansativo, mas é compensador, todos têm um pouco daquele sujeito.

Atualmente como professor formado, deve se ressaltar que a leitura faz parte da vida deste jovem e professor, não é leitura obrigatória das atividades de sala de aula, uma leitura dinâmica com o propósito de alargar conhecimento e abrir caminhos rumos a novos conhecimentos. Leitor crítico e consciente da necessidade de se interagir com o mundo fantástico chamado LEITURA.

Esse é um pouco do relato de minha vida como leitor, é bem verdade que quando aluno, não dei muita atenção a ela, à leitura, no entanto atualmente tenho dispensado um pouco do meu tempo dedicado a esse tema que no mundo em vivemos faz se necessário. Minhas leituras diárias e semanais estão pautadas na revista veja, revista Escola, Revista Fonte ( Local), tudo que esteja ligado à educação, sempre dou atenção.

Benedito Mauriz Soares

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